Os 28 anos de dedicação de Joaquim Sousa Marques à AF Setúbal, 18 dos quais na qualidade de presidente da Direção, foram vincados no âmbito da sessão comemorativa do 90.º aniversário da instituição, realizada na sexta-feira, na Casa Ermelinda Freitas, Fernando Pó, Palmela.

 

O ex-dirigente a quem a Direção da AF Setúbal, presidida por Francisco Cardoso, deu o nome à taça distrital de futebol sénior, e promoveu a aprovação em Assembleia Geral, de Sócio Honorário, foi protagonista de um dos momentos mais altos da festa associativa.

 

O presidente da Direção, Francisco Cardoso, ladeado pelo presidente da Assembleia Geral, Octávio Machado, entregaram ao ex-dirigente associativo a placa que simboliza o título do novo estatuto institucional de Joaquim Sousa Marques e o que se seguiu foi um sentido agradecimento público perante a grande família do futebol.

 

Recordamos o discurso de agradecimento de Joaquim Sousa Marques:



 

“Em primeiro lugar gostaria de agradecer o convite que me foi endereçado, extensivo à minha esposa, para estar presente no jantar do 90.º aniversário da Associação de Futebol de Setúbal, que naturalmente aceitei de bom grado e com imensa satisfação.

 

Depois gostaria de felicitar a Associação de Futebol de Setúbal pela comemoração de mais um aniversário.

 

São já 90 anos ao serviço do futebol, que faz parte integrante do ADN deste Distrito e das suas gentes. São quase tantos anos quantos os que o Distrito tem de existência, uma vez que este foi criado no dia 22 de Dezembro de 1926, e a Associação foi fundada logo de seguida cerca de 5 meses depois em 5 Maio de 1927.

 

Por último gostaria igualmente de agradecer, à Direção da Associação de Futebol de Setúbal pela proposta de atribuição do título de Sócio honorário apresentada à Assembleia Geral, bem como aos sócios da Associação de Futebol de Setúbal, clubes e núcleos de árbitros, pela sua aprovação e pelas manifestações transmitidas.

 

Fiquei sensibilizado e agradeço a honrosa e significativa distinção que me foi concedida.

 

De facto gostaria de partilhar convosco o que sinto, mas não é fácil neste momento transmitir esses sentimentos.

 

Estar hoje aqui perante vós nesta condição, depois de ter desempenhado funções, de forma voluntária, ao longo de 28 anos na Associação de Futebol de Setúbal, e tendo assumido a condução dos destinos da Associação, como Presidente da Direção, nos últimos 18 anos, deixa-me com uma sensação estranha.

 

Contudo esta foi a opção que escolhi, e o caminho que percorri, e que me permitiu conhecer de perto a realidade dos clubes filados e dos núcleos de árbitros, estabelecer laços de amizade com muitos dos seus dirigentes, treinadores, árbitros, praticantes e que naturalmente devem permanecer por muitos e longos anos.

 

O futebol permitiu-me aprender muito, foi uma experiência de vida incrível e no futebol fiz muitos amigos, de Norte a Sul do Distrito, mas também de Norte a Sul do País, sem esquecer as ilhas.

 

O trabalho que desenvolvi ao serviço da Associação foi sempre efetuado de acordo com as minhas convicções, conhecimentos e disponibilidade, naturalmente com a legitimidade que me foi conferida pelos diversos sufrágios a que me submeti, sem privilegiar ninguém, sem olhar à dimensão ou à cor da camisola dos clubes, mas atendendo à realidade específica de cada um.

 

Terminei um ciclo com a sensação de dever cumprido e com orgulho no trabalho realizado.

 

Não enjeito o meu passado e felizmente posso andar na rua de cabeça erguida como sempre estive, estou e estarei.

 

Durante todo este tempo tudo o que foi acontecendo no futebol distrital foi fruto do trabalho desenvolvido, não apenas por mim, mas por toda uma equipa que comigo trabalhou, sempre com a colaboração dos clubes filiados na Associação, dos núcleos de árbitros e das autarquias locais, pelo que, neste momento de reconhecimento, é justo não esquecer todos aqueles que contribuíram para esta situação.

 

Sempre fui adepto e cultivei uma política de diálogo e de proximidade com todos os intervenientes no fenómeno desportivo a nível distrital, mas também a nível nacional com a Federação, com as Associações congéneres e com os restantes sócios da FPF. Sempre procurei os consensos, como a melhor forma de resolver as situações com que me deparei ao longo da minha atividade.

Sou moderado e que procuro também ser moderador.

 

Quando no dia 25/11/1988 iniciei funções nos órgãos sociais da AFS no dia, como vogal do Conselho de Contas estava longe de imaginar a atribuição do galardão que hoje foi materializado, depois de uma tão longa carreira, em que quem saiu prejudicado foi a minha família.

 

Mas também sei que hoje eles estão contentes e orgulhosos, porque eu também o estou.

 

Neste momento não resisto em partilhar, até porque o autor não está presente, o post que o meu filho publicou na minha página do Facebook partilhando uma noticia da atribuição pela Direção da Associação do meu nome à Taça da Associação de Futebol de Setúbal, porque são estas mensagens que nos recompensam e que permitem perceber que apesar da nossa ausência familiar no acompanhamento mais efetivo do crescimento e da educação dos nossos filhos, isso não deixou marcas, porque alguém desempenhou e bem o nosso papel.

 

Escreveu ele:

“Orgulho. É um orgulho ver, uma vez mais, a forma como todo o teu esforço, dedicação e devoção, que evidencias em tudo aquilo que fazes, se transformam em glória.

 

Este reconhecimento vem apenas reforçar ainda mais o excelente trabalho que desenvolveste, e que sempre soubeste escolher o caminho certo. É um orgulho ter-te como exemplo. És um orgulho Pai!”

 

Esta é a melhor recompensa do nosso trabalho.

 

Resta-me agradecer uma vez mais a todos a vossa generosidade e desejar que consigam concretizar os vossos projetos e que alcancem os maiores êxitos na vossa atividade, que não é nada fácil, ainda que as vitórias desportivas de uns possam significar que outros não conseguiram, mas, como diz um velho amigo meu “o meu clube nunca perde, às vezes não ganha”.

 

O que é um facto é que, como em tudo na vida, todos ganhamos sempre, experiência, conhecimentos, amizades, valores e que o que é preciso é olhar para o futuro, com disponibilidade, com capacidade de trabalho e com vontade de vencer.

 

Eu nunca me esqueço do que sempre transmiti com convicção nos sorteios da Associação a que presidi e que hoje reafirmo com a mesma crença “ O Fair Play também se ensina” e “O Fair Play defende o Futebol”.

 

É que nunca devemos perder de vista que um dos principais objetivos a atingir é o da formação dos jovens praticantes, a todos os níveis, numa perspetiva de crescimento e de evolução da modalidade.

 

Um abraço para todos

 

Saudações Desportivas

 

VIVA A ASSOCIAÇÃO DE FUTEBOL DE SETÚBAL

 

VIVA O FUTEBOL”.

 

A intervenção de Joaquim Sousa Marques motivou uma forte ovação, de pé, de todos os cerca de 300 convidados que presenciaram a sessão comemorativa.

 

 

O ex-dirigente, que se fez acompanhar pela sua esposa na cerimónia, foi alvo do cumprimento generalizado dos presentes, com palavras de agradecimento e reconhecimento por todo o trabalho e dedicação que promoveu em nome da AF Setúbal e dos clubes e núcleos de árbitros filiados.