A seleção sub-14 saiu da edição 2017 do torneio “Lopes da Silva”, a maior e mais importante competição interassociativa, onde participaram 22 seleções distritais e regionais, com conquista do Troféu “Equipa Mais Disciplinada, um 3.º lugar registado na classificação geral, fruto de uns históricos 13 pontos somados em cinco jogos sem derrotas, e muitos motivos para encarar o futuro com um sorriso.

 

Coube a Rúben Conceição, 34 anos, treinador de Nível II, que está há quatro anos integrado no quadro técnico da AF Setúbal, a tarefa de assumir, pela primeira vez a responsabilidade de orientar os pupilos sub-14 num “Lopes da Silva”.

 

O balanço e contas da prestação competitiva, o comportamento do grupo, os fatores fundamentais que permitiram uma atuação de excelência, o suporte da estrutura associativa, os elogios aos clubes da nossa região e o apoio dos familiares são detalhados por um treinador que trabalhou em nome da AF Setúbal para que os jovens atletas “sigam a concretizar sonhos”.

 

 

afsetubal.fpf.ptNa antevisão do torneio admitiu que o objetivo em termos de classificação passava por melhorar o 5.º lugar conseguido em 2016. A fasquia foi superada. O que esteve na base da grande prestação conseguida pela nossa seleção?

 

Rúben Conceição – Tudo o que foi conseguido pela nossa seleção sub-14 deve ser entendido numa base suportada com diversos fatores, nomeadamente, a qualidade dos atletas, a união de todos os elementos que formaram o grupo e a ambição demonstrada durante uma competição, na qual, feitas as contas, revela um registo classificativo que peca por escasso.

 

Porquê?

 

Pelos valores que acabo de referir. As competências que este grupo evidenciou não são fáceis de reunir, apesar da AF Setúbal, no que respeita ao “Lopes da Silva”, apresentar-se sempre na prova com uma dose de qualidade relevante. Aliás, o futebol de formação do nosso distrito tem vindo a espelhar, através das seleções distritais, uma grande evolução e registos notáveis. Na edição de 2014, por exemplo, ainda que noutro formato competitivo, conseguimos um 3.º lugar, também com uma seleção de grande potencial (geração 2000), como ficou demonstrado.

 

Como viu os cinco jogos realizados pela nossa seleção em Elvas?

 

Fizemos uma competição equilibrada e da qual só devemos estar orgulhosos. Recordo que três dos nossos adversários (Lisboa, Aveiro e Beja) classificaram-se entre os primeiros 10, o que diz bem da tarefa complicada que tivemos pela frente e só pode valorizar ainda mais a nossa prestação global.

Depois há que salientar o fato de não termos perdido qualquer jogo, nem sofrido golos. Um saldo apenas igualado pela AF Porto, que acabou por vencer a competição.

 

A presença na final escapou por muito pouco…

 

É verdade. Ficou um amargo de boca, porque todos fizemos para que isso fosse possível, o que representava um prémio inteiramente merecido, sobretudo para os atletas.

 

A conquista do Troféu “Equipa Mais Disciplinada” foi um reconhecimento bem ajustado aquilo que os atletas fizeram dentro e fora do campo…    

 

Foi o reflexo da postura que a AF Setúbal quer ver sempre exibida em qualquer circunstância. O fomento da ética e das boas práticas no desporto é uma máxima instituída no seio da nossa associação, por isso temos a responsabilidade, enquanto líderes, de a praticar e ensinar com determinação.

A exigência de um comportamento exemplar foi vincada diariamente, de forma coletiva e também individualmente.

O resultado deixa-me particularmente orgulhoso, porque os atletas assumiram uma postura que dignificou a AF Setúbal e fortaleceram uma proximidade que derivou em amizades que vão ficar para a vida.

Contudo, este é um prémio que enche de orgulho todos aqueles que, neste caso em particular, representaram a instituição.

 

A par da competição, o “Lopes da Silva” tem o objetivo primordial de visar a promoção de atletas aos trabalhos de observação da Seleção Nacional Sub-15. Admite que os nossos jogadores estarão no lote dos eleitos pelos técnicos nacionais?

 

O nosso objetivo enquanto seleção distrital da AF Setúbal é potenciar e dar visibilidade aos atletas, transmitindo-lhes os valores que entendemos os mais adequados no âmbito do seu processo formativo.

O torneio “Lopes da Silva” é um expoente máximo na observação individual e nós temos sempre esse elemento bem presente. Nesse sentido, conseguimos, através da rotação dinamizada, dar minutos suficientes para que todos tivessem a oportunidade de exibirem o seu talento.

O que depois daí advém foge-nos do controlo, mas tenho toda a esperança, e de forma legitima, em pensar que alguns dos atletas que estiveram nesta seleção venham a ser convocados para a Seleção Nacional Sub-15.  

Todavia, não posso esquecer que além dos 18 que estiveram em Elvas fizeram parte de um lote de 78 jogadores que estiveram envolvidos no nosso processo de observação e que foram fundamentais para aquilo que o grupo final conseguiu mostrar. Aliás, posso revelar que durante o torneio recebi diversas mensagens de apoio de muitos que estiveram connosco, e que agora agradeço publicamente, com particular carinho.

  

A seleção distrital é um reflexo do trabalho formativo dos nossos clubes…

 

Essa é uma certeza. Tudo o que conseguimos com as cores da AF Setúbal é dedicado aos clubes que apostam na formação e a quem neles trabalham diariamente.  

A nossa região é cada vez mais uma referência no futebol formativo nacional e este 3.º lugar é prova disso mesmo. Há mais treinadores certificados e isso é fundamental para a evolução técnica e tática dos jovens. Só assim, é que potenciamos as nossas condições para ombrearmos com associações tidas como potências na formação.

E devo assumir que as portas da AF Setúbal estão abertas a todos os clubes que visem oportunidades de mostrar o seu trabalho.

 

Tudo isto foi igualmente assente numa estrutura técnica. Que avaliação faz dos elementos que o acompanharam ao longo de todo o processo?

 

Foram fundamentais em todos os momentos. Desde o primeiro dia de observação, contribuindo de forma determinante para a escolha criteriosa dos convocados, e até ao último dia do torneio.  

A equipa técnica, com o João Conceição e João Louro, a somar à Velussa Melo e o Fábio Silva, também teve o condão de formar um grupo unido. Adaptámo-nos bem à estratégia definida e tudo resultou na perfeição, sempre em nome dos atletas.

Neste particular, deixo igualmente uma palavra de grande apreço ao apoio do coordenador técnico distrital, Alexandre Santana, que manteve uma ligação muito importante ao grupo.

A eles devo um forte abraço de agradecimento.

 

Ao longo da semana do torneio, não houve um dia em que faltasse o apoio à nossa seleção emanado, sobretudo pelos familiares dos atletas.

 

Sem dúvida. Foram, literalmente, incansáveis. Apesar da distância, todos os que tiveram a possibilidade não faltaram e isso foi muito sentido pelo grupo. Aliás, além de reconhecer e agradecer esse apoio, sublinho o comportamento exemplar que tiveram em todos os jogos.

 

A AF Setúbal saiu, portanto, a ganhar em toda a linha…

 

Creio que, acima de tudo, honramos a grande instituição que é a nossa associação. E, quero, com grande reconhecimento, agradecer à estrutura associativa, na pessoa do presidente da Direção, Francisco Cardoso, por ter, mais uma vez, proporcionado todas as condições para que todos pudéssemos trabalhar da melhor forma possível.

Condições essas que foram aplicadas no terreno, de forma exemplar pelo nosso chefe da comitiva, o diretor Amadeu Mota, e pelo presidente do Conselho Técnico, Armando Paixão, que fruto da sua vasta experiência nestas andanças, foi um companheiro de eleição.  

E não posso esquecer a grande e fundamental novidade que a Direção da AF Setúbal, em boa hora, estreou no “Lopes da Silva”, como foi o caso do acompanhamento diário da nossa seleção através do Departamento de Informação e Comunicação. Ao Joaquim Guerra, que personalizou esta tarefa com um profissionalismo ímpar, reconhecer o mérito que teve em manter informado, quase ao minuto, todo o universo da AF Setúbal sobre a nossa prestação, através dos canais oficias da associação na Internet.   

 

O que sobra em termos de sentimento pessoal sobre esta experiência?

 

Admito que esta seleção foi das que mais mexeu comigo. Talvez, por ser a minha estreia enquanto treinador distrital principal de futebol masculino e logo num torneio com esta envergadura.

Senti um grande orgulho pelo trabalho realizado com jovens de 13 e 14 anos com muito talento e que deram autênticas provas de maturidade comportamental.

A todos agradeço pelo contributo e aos 18 Bravos, que sigam a concretizar os seus sonhos e que, acima de tudo, sejam felizes.