Aos 62 anos, Ernesto Catarino viveu ontem, um dos momentos mais felizes da sua carreira de treinador, no que à longa ligação ao futebol no feminino respeita, que já conta com cerca de três décadas.

 

“Terá sido o título mais importante, porque foi o que deu mais trabalho”, confessou o técnico, que em 1999/2000 levou o 1º Dezembro à vitória no campeonato da I divisão nacional, passando, agora, a ser o único treinador com o registo dos títulos nacionais mais importantes do futebol feminino.

 

Depois de começar ao serviço do Sporting CP, em 1992, Ernesto Catarino liderou projetos no futsal e no futebol, sempre no feminino.

 

Na região, o técnico que reside no Montijo, qualificado com o Nível I, contribuiu para a evolução da Escola de Futebol Feminino de Setúbal, equipa que promoveu à I divisão e venceu títulos associativos no futsal.

 

“Faltava-me este título no currículo e conquistei-o com base num grupo criado há dois anos e composto por 95 por cento da equipa transitou do ano passado. Foi fantástico ter trabalhado com este plantel, sustentado com raparigas/mulheres fantásticas, que deram uma demonstração de humildade e grande determinação”, destacou.



 

Um grupo formado no seio de um clube que Ernesto catarino não hesita em elogiar: “Encontrei no Quintajense FC, condições de trabalho que nunca tinha tido anteriormente, em clube nenhum daqueles por onde passei”.

 

Por tudo isto, o treinador campeão, militar de profissão, garante, apesar de pensado em deixar de assumir as funções de treinador e abrir espaço a outro cargo, que o título conseguido este domingo “é particularmente gratificante e dá-me forças para visar a manutenção do Quintajense FC na Liga Allianz, na próxima época”. “Não podia ser de outra forma, para dar continuidade a esta conquista”.

 

Jogo com triunfo merecido

 

O jogo da grande final do Campeonato Nacional de Promoção foi visto pelo treinador do Quintajense FC com um desafio no qual venceu a equipa mais eficaz.

 

“A nossa vitória é inteiramente merecida. Admito que com números algo exagerados, atendendo à boa réplica do Cadima, adversário que se bateu muito bem. Contudo, formos mais eficazes e justificámos, plenamente o triunfo”, analisou, antes de vincar que o encontro foi bem disputado e revelador de uma manifestação de bom ganhar e de bom perder.

 

Balanço da época

 

A equipa sénior do Quintajense FC fechou a época de uma forma quase imaculada: não sofreu qualquer derrota e apenas cedeu um empate, nos jogos a contar para o campeonato.

 

“É uma frase feita, mas nós adotámos o princípio de avançar com objetivos jogo a jogo. Tentámos incutir essa máxima nas jogadoras e respeitámos todos os adversários. Esta foi a receita do sucesso”, revelou o treinador, que valorizou o compromisso das atletas com o clube.

 

E foi assim, semana após semana, ultrapassando obstáculos e renovando objetivos competitivos até à conquista final, que teve lugar este domingo. “O último foi apelidado de “Dia D – Invasão ao Entroncamento”, revelou Ernesto Catarino, entre sorrisos.

 

A importância para a região

 

O treinador não hesita em considerar que a conquista do Quintajense Fc deve ser encarada com motivação para o futebol no feminino na região, mas aponta uma preocupação.

 

“Para o clube é um feito extraordinário e não duvido que quem deseja o bem para o futebol feminino está feliz”, registou Ernesto Catarino, que admite um reforçado cenário da dinâmica da modalidade.   

 

“Há clubes a despontar para esta aposta e mais equipas vão ser criadas e isso é muito positivo para o futebol feminino no seio da AF Setúbal. Mas, é necessário fazer as coisas com sustentabilidade e evitar divisões, porque só assim será possível fortalecer a modalidade”.

 

E que motivação é esta de seguir no futebol feminino? “Acima de tudo é uma paixão. Não há justificação objetiva para esta satisfação de treinar no feminino. Começou por ser um mundo estranho, mas que rapidamente foi entranhado. Estou muito feliz por tudo o que tenho conseguido e contribuído para esta modalidade”.