O Núcleo de Árbitros de Futebol da Cidade de Setúbal festeja esta sexta-feira, na cidade do Sado, as ‘bodas de ouro’, o mesmo significa que passaram 50 anos desde que um grupo de setubalenses ligados à arbitragem elegeu o 15 de setembro de 1967 como a data da respetiva fundação.

 

Heliodoro Saraiva, Carlos Mário, Hélder Martins, Gil Rosa e Emídio Duarte foram os nomes que deram o apito inicial para aquilo que é hoje um dos mais prestigiados núcleo de árbitros da região e com marca assinalável na arbitragem nacional.

 

Da antiga Casa do Pessoal dos CTT, um dos primeiros locais de reunião dos árbitros sadinos, cujas portas foram abertas pelo malogrado Fernando Pacheco, o sócio n.º 1, passando pelo auditório da Junta de Freguesia de São Sebastião, por um barracão no Monte Belo, pertença da associação de moradores locais e pela utilização das antigas instalações da AF Setúbal, eis que desde 20 de setembro de 2013, o Núcleo de Árbitros de Futebol da Cidade de Setúbal (NAFCS) assentou a sua sede no 2 ‘F’ da Rua dos Salgueiros.

 

Trata-se de um espaço cedido pela Câmara de Setúbal e que é motivo de satisfação para quem representa os árbitros sadinos.  

 

“Fizemos obras consideráveis e temos orgulho em abrir as portas de umas instalações dignas para quem as utiliza e nos visita. É um espaço acolhedor, funcional e com capacidade para 70 pessoas”, começou por enaltecer ao afsetubal.pfp.pt, Luís Ramos, o presidente da Direção NAFCS.

 

A sede é uma das conquistas do núcleo, um dos quatro núcleos de árbitros da região, com estatuto de sócios ordinários da AF Setúbal.

 

Uma aquisição que veio reforçar a dinâmica da atividade de um núcleo que já assumiu particular evidência no plano nacional, destaque que quer recuperar tão depressa quanto possível.



Luís Ramos, presidente da Direção do NAFCS



Núcleo quer voltar ao topo e elogia AF Setúbal

 

“Estivemos representados no topo da arbitragem, há cerca de cinco anos, pelo árbitro João Ferreira e três assistentes na primeira divisão, além de observadores nos nacionais”, lembra Luís Ramos, ele que, na qualidade de árbitro assistente, fez igualmente parte do grupo restrito referido.

 

Mas a cidade sadina não foi fértil apenas em projetar árbitros de futebol. O futsal garantiu semelhante reconhecimento.

 

“Chegámos a ter dois árbitros na primeira divisão, casos do saudoso Paulo Macau (que dá o nome a sala da sede) e Armando Veríssimo”, regista o dirigente, vincando a força do núcleo dessa altura.

 

Neste momento, o NAFCS, que envolve perto de 100 associados, conta com mais de meia centena de árbitros representados, a saber:

1 – AA C1

1 – C2 elite

2 – C3 N2

4 – C3 A

4 – C3 B

40 – C4, C5 e CJ

1 – Observador FPF

1 – Observador AFS

 

É com os olhos postos na recuperação de um lugar de relevância na arbitragem nacional que o núcleo sadino segue a trabalhar.

 

“Admito que vai demorar algum tempo, mas estou convicto que o nosso núcleo e a AF setúbal vão voltar a ter uma representatividade de eleição”.

 

“O investimento que a AF Setúbal, através do Conselho de Arbitragem, está a fazer é significativo. O caminho é esse e, com certeza, vamos recuperar o estatuto que já tivemos. Mas, não tenhamos dúvidas que esse é um trabalho que requer o devido tempo”, destacou Luís Ramos.

 

Instado a apontar um cenário de topo para a representatividade da nossa arbitragem, o presidente do NAFCS admite que “quatro árbitros C1 e mais seis ou sete C2, com possibilidades de subir, seria um número de excelência”.

 

Conselho de Arbitragem é parceiro atento

 

Luís Ramos, que já viu passar vários presidentes pela liderança do Conselho de Arbitragem da AF Setúbal, é perentório quando aborda a realidade atual, no que concerne ao relacionamento com o órgão distrital.

 

“Hoje, temos um Conselho de Arbitragem mais aberto. Os dirigentes do órgão ouvem as nossas propostas e muitas ganham concretização. Isso é muito bom para o setor”, assinala.

 

O presidente do NAFCS não hesita em assumir que o líder do órgão que tutela a arbitragem associativa, José Manuel Esteves, “um homem da arbitragem” que “está à frente de uma equipa coesa e muito forte e que tem olhado para os núcleos com particular reconhecimento”.

 

Nesta abordagem de relacionamento institucional, Luís Ramos trás à memória a recente ação de formação e avaliação, realizada em Oeiras, pela mão da estrutura AF Setúbal, liderada pelo presidente da Direção, Francisco Cardoso.

 

“Foi fantástica. Uma iniciativa inédita, com saldo muito positivo, e que acima de tudo foi sentida fortemente pelos nossos árbitros. Que este tipo de ações, que muito contribuem para o atingir de objetivos em nome da nossa arbitragem, possam continuar”, vinca.

 

“Este Conselho de Arbitragem tem toda a confiança dos núcleos e dá toda a confiança aos núcleos e isso reflete o excelente trabalho que se está a realizar”.



 


Juventude significativa é sinónimo de otimismo

 

Evitar o afastamento dos árbitros que terminaram a carreira e fomentar a proximidade com os mais jovens é a tarefa que o núcleo enfrenta por estes dias.

 

“Temos muita juventude, e de qualidade, connosco, aliás o nosso núcleo regista a média de idades mais baixa na região. Este é um fato muito positivo, que queremos cimentar e que nos permite encarar o futuro com otimismo e que garante a continuidade da nossa atividade”, referiu o dirigente do NAFCS.

 

Luís Ramos assume que sempre foi um árbitro muito próximo da atividade do núcleo e deseja que essa atuação esteja presente nos associados. “É a minha forma de estar. Incentivar os árbitros no seio dos núcleos é fundamental para a evolução da nossa arbitragem, permitindo-lhes fazer acreditar no sucesso e, sobretudo, melhorar a sua capacidade”.

 

Um fechar de ciclo

 

O presidente da Direção do NAFCS revelou que está a terminar o seu mandato à frente da gestão do núcleo sadino.

 

“Vamos para eleições e decidi não assumir lugares na Direção. Contudo, vou ficar ligado à Assembleia-Geral para não perder o contato com o núcleo. Tenho muita confiança nos jovens que temos na nossa estrutura e a certeza de que quem vier a seguir vai dinamizar a gestão com a devida responsabilidade nos próximos tempos”, assegurou.

 

Uma nova etapa, que Luís Ramos encara com otimismo. “Desejo que o núcleo possa continuar a contribuir para que os nossos árbitros possam evoluir. Tenho a certeza que vão surgir novos nomes que vão ser referência da arbitragem da nossa região e ajudar a que a AF Setúbal reconquiste um estatuto de grande relevo na arbitragem nacional e internacional”.



 

“Acho que fui um bom árbitro assistente”

 

Luís Ramos começou a atividade de árbitro em 1991 e assumiu, pela primeira vez, a liderança da Direção do núcleo de Setúbal em 2002. No total, conta seis anos à frente dos destinos do NAFCS.

 

Luís Ramos é uma das referências da arbitragem da nossa região, ganhando notabilidade enquanto árbitro assistente. Uma opção que seguiu devido à profissão (militar), mas cuja dedicação o levou a chegar ao topo da arbitragem.

 

Foi assistente de João Ferreira, antigo árbitro sadino e presidente do núcleo, com quem atuou na esmagadora maioria dos anos em andou pelos relvados.

 

“Acho que fui um bom árbitro assistente”. Uma declaração curta, mas que representa muito daquilo que é um sentimento que todos os árbitros querem ter em consciência, fruto do meritório trabalho que desenvolvem no seio do futebol.

 

A final da edição 2015/16 da Taça AFS, num jogo realizado no Estádio do Bonfim, sob a chefia do árbitro Bruno Paixão, foi a partida que marcou a despedida de Luís Ramos da arbitragem pela porta da competição distrital.

 

“Os árbitros com categoria nacional deviam apitar mais jogos das provas distritais. Era muito positivo e contribuía muito para as nossas provas e acrescia o incentivo aos árbitros mais jovens”, apontou Luís Ramos.

 

Vídeo-árbitro centra debate em colóquio  

 

As comemorações dos 50 anos do NAFCS vão ficar marcadas pela realização de um colóquio, para o qual estão convidadas destacadas personalidades.

 

O tema é um assunto que vai estando na ordem do dia. “"Vídeo- Árbitro - O Novo reforço da Arbitragem" dá nome à temática a abordar.

 

“Fazemos 50 anos e não podíamos deixar de sublinhar esta celebração com um momento especial. O colóquio vai ser um evento muito importante, com figuras de topo do nosso futebol e que com certeza vão dar um contributo muito importante no âmbito de uma temática que foi introduzida no nosso futebol e que está a dar os primeiros passos”, expressou Luís Ramos.

“Todos os convidados que vão abordar o tema, não hesitaram em garantir a sua presença, o que para nós é muito gratificante. Registo, contudo, que tivemos de efetuar uma substituição de última hora. O mister José Couceiro, devido a compromissos profissionais, não poderá estar presente, mas contamos com o ‘nosso’ Hélio Sousa, Selecionador Nacional Sub/19”.



 

Um evento, de portas abertas, que Luís Ramos apela à participação em massa. “Gostaria que todos os nossos árbitros da região pudessem marcar presença no colóquio. Uma oportunidade para reforçarmos o conhecimento e respirarmos arbitragem”.

 

Para a concretização do colóquio, o NAFCS contou com apoios institucionais Luís Ramos não quis deixar de registar um agradecimento público.

 

“Não posso deixar de agradecer publicamente ao Hotel do Sado, pela cedência da sala, que tem capacidade para acolher cerca de 200 pessoas, e à Câmara de Setúbal, parceira institucional do núcleo ao longo dos anos e a quem reconhecemos o seu grande apoio”.

 

Refira-se que no âmbito da celebração dos 50 anos, o NAFCS vai homenagear os 10 sócios fundadores do núcleo, casos de Paulo Reis, Paulo Macau, Nuno Borba, Diamantino Pires, Luís Barbosa, Carlos Gae, Carlos Seca, Fernando Pacheco, Hélder Martins e Carlos Silva.